Rwanda abandona bloco regional após conflito diplomático com RDC

Rwanda abandona bloco regional após conflito diplomático com RDC

O governo de Rwanda anunciou a sua saída da Comunidade Económica dos Estados da África Central (ECCAS), após uma disputa diplomática envolvendo o seu papel no conflito na região leste da República Democrática do Congo (RDC).

Rwanda deveria assumir a presidência rotativa do bloco, composto por 11 países-membros, mas foi impedido durante uma reunião em Guiné Equatorial. Em resposta, Kigali declarou que a sua liderança foi “deliberadamente ignorada para impor o diktat da RDC” e que “não vê justificação para continuar numa organização que já não cumpre os seus princípios fundadores”.

“Missão comprometida. A atual estrutura da ECCAS contradiz os seus próprios objetivos” – Governo do Rwanda.

O impasse acontece enquanto se intensificam os esforços de paz no leste da RDC, com mediação dos Estados Unidos. Espera-se a assinatura de um acordo ainda este mês.

Segundo um comunicado da presidência congolesa, os líderes da ECCAS reconheceram a “agressão do Rwanda contra a RDC” e exigiram a retirada das tropas rwandesas do território congolês. Até que a situação se resolva, a presidência do bloco continuará com a Guiné Equatorial.

O porta-voz do governo congolês, Patrick Muyaya, acusou o Rwanda de “violar voluntariamente os princípios das instituições regionais enquanto tenta liderá-las”.

As tensões se agravam com as acusações de que o Rwanda apoia os rebeldes do M23, responsáveis por conquistas territoriais significativas no início do ano, como Goma e Bukavu. Embora Kigali negue envolvimento direto, relatórios da ONU e de governos como os EUA e França indicam apoio rwandês aos rebeldes.

Em 2023, especialistas da ONU afirmaram que até 4.000 soldados rwandeses estariam combatendo ao lado do M23. O Rwanda, por sua vez, justifica a presença militar como medida preventiva para evitar que o conflito se espalhe para o seu território.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que Kigali deixa a ECCAS — em 2007, o país também havia se retirado do bloco, mas retornou alguns anos depois.

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